“Os animais podem não ser capazes de formar palavras, mas certamente podem se comunicar. Os pássaros usam cantos e chamadas, e outros animais usam uma combinação de sons e movimentos para se comunicar” (Bryant, 2021).
O que pode haver de tão especial na linguagem humana? Pangel (2017) em um artigo no site BMC Biology explica que a linguagem humana se diferencia de todas as outras possíveis formas de animais de comunicação por ser “composicional”. A nossa linguagem humana nos permite que sejamos falantes e que expressemos os nossos pensamentos “em frases que compreendem sujeitos, verbos e objetos – como ‘eu chutei a bola’ – e reconhecendo os tempos passado, presente e futuro”. A composicionalidade dá à linguagem humana tem uma gigante grande capacidade de criar novas frases à medida “que os falantes combinam e recombinam conjuntos de palavras em seus papéis de sujeito, verbo e objeto”. Um exemplo seria que com apenas 25 palavras diferentes para cada função, já se pode gerar mais de 15.000 frases diferentes. “A linguagem humana também é referencial, o que significa que os falantes a usam para trocar informações específicas entre si sobre pessoas ou objetos e suas localizações ou ações”.
Nowak e Krakauer (1999) explicam que a evolução da linguagem “permanece nas mentes de muitos filósofos, linguistas e biólogos um traço essencialmente humano. Tentativas de lançar luz sobre a evolução da linguagem humana vieram de muitas áreas”,
Segundo Nowak (s.d.) ele fala que “a linguagem é a invenção evolutiva mais importante dos últimos milhões de anos. Foi uma adaptação que ajudou nossa espécie a trocar informações, fazer planos, expressar novas ideias e mudar totalmente a aparência do planeta”.
Estudar a linguagem humana devida a sua complexidade em sua maioria requer esforços interdisciplinares. “Para começar, devemos considerar o que Saussure, pai da linguística moderna, estabeleceu, que fez uma diferença importante e fundamental ao se referir à linguagem a partir de duas concepções diferentes.” Em primeiro lugar, ele vai mencionar a linguagem de forma particular em cada sociedade, composta pelo que ele chama de signos e uma estrutura formal. E em segundo lugar, “elabora a fala como o uso desse sistema para se comunicar” (Árbol de Tinta, s.d.).
Uma das vantagens evolutivas da linguagem é a própria linguagem, e a forma de interação no qual usamos. Na linguagem verbal nós temos inúmeros estilos de interações verbais, que é a forma como interagimos com os outros por meio de palavras. Como a deflexão, omissão, a própria mentira, a própria verdade, interjeições, e até reações emocionais indevidas (palavreados inapropriados) entre outros. O que se verbaliza é muito poderoso e importante para a nossa comunicação. Podemos usar a nossas palavras tanto para o bem e para o mal.
Gosto de olhar para a comunicação verbal no contexto de análise de credibilidade, e gosto da definição da mentira que o Professor e Psicólogo Social da Inglaterra Aldert Vrij explica. Ele fala que o conceito da mentira é você tentar fazer o outro acreditar em algo que você sabe não ser verdade. Usamos nossa comunicação verbal para mentirmos, para benefício próprio, evitar punições, e alguns casos têm pessoas que são mitomaníacas, isso tudo usando a nossa comunicação verbal. Leucas (s.d.) traz a abordagem de Dan Ariely que é um ex-professor de psicologia e economia comportamental americano de origem israelense, e ele diz que “embora estejamos em boa parte das situações dispostos a trapacear para obter vantagens ou evitar punições, gostamos de pensar e nós mesmos como pessoas boas e honestas. Ele chama isso de “flexibilidade cognitiva”, ou seja, ao entrar em conflito entre os valores morais sobre mentir e nossa autoimagem de honestidade, devemos encontrar razões que justifiquem nossa conduta”.
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Publicado por Ana Paula Negreiros em 27/02/2023 | Brasil
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Referências:
Pangel, M. (2017). Q&A: What is human language, when did it evolve and why should we care?. BMC Biology. https://doi.org/10.1186/s12915-017-0405-3
Nowak, A. M., & Krakauer, C.D. (1999). The evolution of language. PANS. https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.96.14.8028
Bryant, W.C. (2021). How did language evolve?. Howstuffworks. https://science.howstuffworks.com/life/evolution/language-evolve.htm
Saint Leo University. (s.d.). Linguagem. https://saintleo.brightspace.com/d2l/le/content/150119/viewContent/6261095/View
CrashCourse. (2014). Language: Crash Course Psychology #16 [Vídeo]. YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=s9shPouRWCs
Nowak, A. M. (s.d.). Evolutionary biology of language. National Library of Medicine. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1692897/#:~:text=Language%20is%20the%20most%20important,the%20appearance%20of%20the%20planet.
Ardila, R. (1969). A psicologia e a origem da linguagem. Revista Colombiana de Psicologia. Universidade Nacional, 14 (1-2), 51-56.
Mead, G. (1973) Espírito, pessoa e sociedade. Do ponto de vista do behaviorismo social. Barcelona: Paidós
Skinner, B. F. (1981). Comportamento verbal. Ardila, R. (Trad.) México: Editorial Trillas.
Leucas, D. (s.d.). 5 livros sobre a Mentira que Você Precisa Ler. Clue-Lab. https://clue-lab.com/5-livros-sobre-a-mentira-que-voce-precisa-ler/
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